13.1.11

Brasil, país da (des)educação.

Dizer que só a Educação - tanto em sentido amplo quanto estrito - e o Ensino são a única forma de alterar o rumo de um país é lugar comum. Porém, algo ser lugar comum não significa que seja, de fato, compreendido, assimilado e incorporado.
Muitas pessoas dizem que a Educação no Brasil tem que melhorar. Que só quando nossa Educação - embora estejam falando, na verdade, sobre o Ensino no país, mas tudo bem! - for boa é que o Brasil será um país que realmente vale a pena.
Até concordo, em certa medida, com tal pensamento, muito embora creia que o país já vale muito a pena. Mas enfim... O porém da questão está no fato de que a absoluta maioria das pessoas que pensam assim são os mesmos que desrespeitam os profissionais da educação e os que mais acreditam na falácia dos números da Educação brasileira. Em resumo, aqueles que mais falam sobre a necessidade da Educação para a melhora do país são os maiores culpados por ela ser isto que é.
Claro, claro, não quero isentar o Governo, em todos os seus âmbitos e níveis, de sua responsabilidade. Longe disso! Contudo, parece-me óbvio que os políticos vão maquiar os números da forma que mais lhes favorecer - embora seja deprimente ter expectativas tão negativas da classe política, mas enfim... é o que nossa realidade apresenta. Até porque, é como diz aquele ditado, não? "Papel aceita qualquer coisa".
Aqueles que clamam pela "solução mágica da Educação" são os mesmos que vão aos colégios insultar e agredir fisicamente os professores, coordenadores, monitores, pedagogos, diretores e quem mais estiver na frente, quando o amado filhinho apronta alguma ou tira nota baixa. Afinal, o que mais poderiam pais tão zelosos e presentes fazer, não é mesmo? Quem o professorzinho pensa que é pra dizer que o aluno X está portando-se de forma inapropriada ou que precisa estudar mais para alcançar a média? Um ninguém! Isso é o que o professorzinho é.
Sim, estou falando por experiência própria. E, infelizmente, não de uma só situação.
Já ouvi de pai de aluno que sou uma bruxa má pelo anjinho ter tirado zero em uma prova. Fui xingada até a nona geração - e olha que nem filhos tenho! Mas depois daquilo fiquei com medo. Vai que os pobres coitados tenham mesmo sido amaldiçoados, né -, chamada de incompetente para baixo. A solução? Pedi para tão zeloso pai olhar a prova. Resultado? Baixou a cabeça, botou o rabo no meio das pernas e reconheceu que a prova estava bem fácil - sim, eu queria entrar logo de férias e elaborei a prova mais fácil que minha consciência permitiu, até porque, eu AINDA tenho vergonha na cara e amor pela profissão que escolhi - e foi embora. Nem um pedido de desculpas recebi, mas tudo bem. Afinal, no Brasil, ser professor é ser saco de pancadas. Infelizmente.
Em outra situação, num outro colégio, um pai tirou-me de sala de aula para perguntar o motivo do seu amado filhinho ter tirado nota baixa e ter ficado de castigo. Quando eu comentei sobre a falta de interesse do aluno em sala de aula - isso quando ele ia à aula - e do comportamento do menino, ouvi a clássica resposta: "Tu é paga pra isso mesmo. Tem que aguentar. Não pode reclamar. E ai de ti que reprove meu filho!". Pois é, senhoras e senhores... O que se pode esperar de tão zelosos e amorosos pais como estes?
Não vamos esquecer, também, o caso da professora de Viamão que teve que pagar multa por tentar educar um jovem e cuidar do patrimônio público! Sim!!!! O garoto pichou as paredes da escola, as quais recém haviam sido pintadas com um esforço coletivo da comunidade escolar, e com ele NADA aconteceu. Mamãe ainda fez fiasco dizendo que a professora errou. Que não podia ter feito o que fez.
Ora! Faça-me o favor!
Mas enfim, esse é o modo como os profissionais da Educação são tratados.
Isso sem falar, claro, na falta de condições de trabalho - falta de local adequado para ministrar as aulas; falta de recursos didáticos; excesso de alunos em sala de aula; salários aviltantes; cobranças excessivas por "resultados" - número de aprovações forçadas não é o mesmo que um trabalho bem realizado e alunos que tenham, realmente, aprendido o que foi visto.
O que nos leva à maquiagem dos números na Educação brasileira.
Sim!!!!! Porque os números apresentados são falaciosos. Sinto muito dizer isso, mas é verdade.
Professores são forçados, coagidos, a aprovar alunos que não apresentam as mínimas condições para que os "índices sejam alcançados".
Não foi uma nem duas vezes que tive alunos quase saindo do Ensino Fundamental sem saber ler, escrever ou interpretar textos simples. Isso sem falar nos casos em que alunos não sabiam nem ao menos o alfabeto!!!!
Mas estamos erradicando o analfabetismo no Brasil, certo? Nunca antes na História deste país tantas crianças estiveram na escola e foram aprovadas - se bem que com aprovação automática isso fica fácil, né. Mas isso é para um próximo post.
Enfim, concordo com aqueles que dizem que só a Educação e o Ensino são a única forma de melhorar a Nação. Porém, o que estamos fazendo para, de fato, termos Educação e Ensino em nosso país?
Não adianta nada fazer uma linda propaganda dizendo que o profissional que realmente muda um país é o professor e buscando incentivar aos jovens a seguirem esta profissão, se não melhorarem as condições de trabalho destes profissionais. Não adianta, também, querer aprovar todos os alunos automaticamente.
É necessário deixar de tentar tapar o sol com a peneira e encarar os problemas de frente! Dar melhores salários. Garantias de que o profissional da Educação será respeitado - poxa!, desacato a servidor público é crime, mas espancar, xingar, humilhar o "mais importante profissional para o desenvolvimento do país" não é???? Proporcionar aperfeiçoamento profissional constante. Não exigir que o professor aprove todos seus alunos, mesmo que estes não tenham condições de seguir adiante, só para que os números dos índices fiquem bonitos. Colocar um número razoável de alunos numa sala de aula - adequada, por favor. Nada de containers!.
Se não solucionarem estas questões, podem contratar os melhores publicitários do mundo que não adiantará.

23.1.10

The Eclectic Reader

O delicioso blog "The Ecletic Reader" está sorteando dois livros no mês de janeiro. É ir lá e dar uma conferida básica. É bem fácil de se inscrever.
São seis livros que estão na lista e o concurso é válido para leitores internacionais, ou seja, nós brasileiras temos chance de ganhar :D Faço questão de frisar bem esse ponto, pois a maioria desses concursos não o é, o que me deixa bastante frustrada.

O prazo para inscrição vai até o dia 31 de janeiro. Não perca esta oportunidade ;)

http://teddyree-theeclecticreader.blogspot.com/2009/12/decemberjanuary-giveaway-2-winners-your.html

8.8.09

Por onde anda Noé e sua arca?


E o mundo está a desabar. Será que "is the end of the world as we know it"?
Bom, considerando que todos os dias é o fim do mundo para alguém, acho que sim, não é mesmo?!
Só sei que se as coisas continuarem desse jeito terei que pedir uma carona para o "Seu Noé".

Recomendo a música que O Rappa regravou: "Suplica Cearense"



Mudando de assunto: amanhã é dia dos pais.
Não consigo mais me alegrar com nenhuma dessas "datas especiais". Apatia e desprezo total por elas. Mas se bem que eu ando com um desprezo mortal por quase tudo... Então não é nada de mais.
Ainda esperando a apatia passar.
Mas como se as coisas estão cada vez mais despresíveis?
Alguém por aí anda acompanhando a situação no Congresso Nacional? Primeiro o nosso digníssimo presidente mete o bedelho e depois diz que não tem nada a ver com a situação. Depois o "Conselho de Ética" arquiva TODAS as denúncias, os requerimentos contra o senhor Sarney. Patético.
Ainda acho que salvação está em voltarmos a viver em pequenos grupos populacionais de, no máximo, 200 pessoas.

22.7.09

A vergonha nacional


A parte destinada à política nos jornais tornou-se anexo da parte policial. Não é de hoje.
A diferença, acho eu, é que não temos uma oposição forte para obrigar uma investigação mais profunda. Ou pelo menos que se possa fingir ser um pouco mais profunda.
Eu gostaria de saber onde está o Povo. Onde está a População.
Será que estamos todos tão acostumados, tão anestesiados que acreditam não ter nada a fazer contra a atual situação do Congresso Nacional. Ou será que "atos secretos", contratação de parente, dizer que a opinião pública (o povo mesmo) não é importante, ou usar de informações falsas para ganhar o valor das diárias... Será que tudo isso é considerado normal?
As vezes eu penso que quanto mais "civilizados" menos propensos a exigir nossos direitos e a lutar pelo que achamos correto e pelo que queremos. Quanto mais "civilizados", mais acomodados. Triste :(