22.7.09

A vergonha nacional


A parte destinada à política nos jornais tornou-se anexo da parte policial. Não é de hoje.
A diferença, acho eu, é que não temos uma oposição forte para obrigar uma investigação mais profunda. Ou pelo menos que se possa fingir ser um pouco mais profunda.
Eu gostaria de saber onde está o Povo. Onde está a População.
Será que estamos todos tão acostumados, tão anestesiados que acreditam não ter nada a fazer contra a atual situação do Congresso Nacional. Ou será que "atos secretos", contratação de parente, dizer que a opinião pública (o povo mesmo) não é importante, ou usar de informações falsas para ganhar o valor das diárias... Será que tudo isso é considerado normal?
As vezes eu penso que quanto mais "civilizados" menos propensos a exigir nossos direitos e a lutar pelo que achamos correto e pelo que queremos. Quanto mais "civilizados", mais acomodados. Triste :(

14.7.09

E a quem eles amam, então?


A cerca de dois meses me deparei com a série de livros "Millennium", do sueco Stieg Larsson. No início, relutei muito em até pensar em ler um livro cujo título é "os homens que não amavam as mulheres".
Trabalho, mesmo que indiretamente, com o tema. Estou cansada de ler e imaginar os terríveis tormentos sofridos pelas mulheres ao longo da História causados por homens que não as amavam.
Porém, num dos inúmeros dias de tédio - estou começando a pensar que isso é um caso clínico... quem sabe algum dia faça algo sobre isso. Enfim... - resolvi me dar ao trabalho de ler a resenha no site da Livraria Cultura. No dia seguinte foi à livraria e comprei o primeiro volume da série.
Devorei o livro - com mais de 500 páginas - em 2 dias. E somente porque não pude deixar de continuar com os afazeres rotineiros.
Dois dias depois - sim, a Vida novamente no caminho - comprei o segundo volume (A menina que brincava com fogo). Esse levei mais tempo para terminar, mas não por conta da trama. Essa é incrível. Fantástica. Chego a arriscar que são os melhores livros que já li na vida.
A história é envolvente. Surpreendente.
Trouxe um sentimento de tristeza. De revolta. De ansiedade. De medo. De infelicidade. De raiva. De comiseração. De solidão. De impotência. De impunidade. Mas também de esperança.
O autor trata sobre violência em diversos níveis. Sobre a hipocrisia humana, mas também sobre a luta daqueles que acreditam que, não importa a força e o poder do inimigo, serão capazes de prevalecer através da obstinação e da verdade. E para trazer a verdade a tona.
Não, não é uma história "bonitinha". Ela é incômoda. É intensa. É amarga.
Infelizmente (ou felizmente) o autor morreu logo após entregar os textos para seu editor. Mas, felizmente, nos deixou essa obra prima.
Recomendo a leitura a todos (desde que com um mínimo grau de maturidade pra compreender temas polêmicos e sofridos).

O desfecho da série - no terceiro livro, ainda sem título no Brasil e que deve ser lançado em novembro por aqui - é eletrizante. Não, não traz o clássico "final feliz". Aliás, a forma como cada um encara o seu desfecho dirá muito sobre o leitor.
Você é daqueles que, quando vê um copo com água pela metade, o enxerga quase cheio ou quase vazio?