11.4.07

Don't ask. Won't tell.

A curiosidade é uma das características mais marcantes da espécie humana. Nossa necessidade de questionarmos, de sempre indagarmos, de saciarmos nossa curiosidade, tende a nos deixar melancólicos no final.
Melancolia causada pelo vazio que advém com a saciedade da dúvida. Melancolia causada por uma resposta incompleta ou insatisfatória.
Há certas questões que jamais deveriam ser levantadas. Não por não terem respostas, mas porque a resposta jamais deveria ser proferida. Infelizmente, o ser humano, no geral, não é capaz de perceber esta realidade.
A exigência de se pôr em palavras os nossos pensamentos indagativos só pode nos ser prejucial, visto que a observação acurada do que nos cerca, via de regra, nos trará muito mais benefícios quando comparado com a ânsia que surge depois que as palavras saem de nossos lábios.
A palavra proferida exige resposta. A exigência permanece no ar mesmo quando nosso interlocutor faz ouvidos surdos para ela. Ela permanecerá pairando até que tenha recebido sua resposta.
Nesse exato momento, surge um problema gigantesco. Não é possível voltar ao instante anterior. Uma vez que o questionamento foi levado a público, jamais poderá ser desfeito.
Ignorância. Cada vez mais percebo que a ignorância pode ser preferível ao conhecimento. Seja no caso em que a resposta foi dada, ou naquela em que a pergunta permaneceu no ar.
Sei que muitos não concordarão comigo. Sinto muito.
Na ingorância não conhecemos a realidade dos fatos. A afirmação pode parecer banal. No entanto, não o é. A ignorância permite-nos viver no confortável mundo a que estamos acostumados. Confortável sim. Isso por mais desconfortável que seja nossa realidade. O conhecido permite-nos agir como o de costume. Não precisamos nos adaptar constantemente quando estamos lidando com o conhecido, só precisamos efetuar alterações quando o inesperado ocorre.
Dessa forma, a ignorância pode tornar-se uma bênção. Não afirmo que em todas as circunstâncias ela o será. Não é o caso. Porém, em alguns, pode ser ela exatamente a dádiva pela qual imploramos.
O peculiar - diriam alguns - ou o mais comum - observariam outros - é que buscamos acabar com nossa ignorância, na maioria das vezes, nos momentos mais inapropriados. Eu já prefiro pensar que esta é mais uma das raras habilidades do ser humano: escolher sempre o pior para si.
Pessimismo? Talvez. Pragmatismo exacerbado? Quem sabe de fato?!
Só sei que devemos estar sempre preparados para lidarmos com as conseqüências do fim da ignorância no momento em que permitimos que uma indagação qualquer deixe nossos lábios. O conforto deixará de existir nesse exato instante. Estaremos enfrentando, então, o desconhecido com todas as alegrias e tristezas que a ele acompanham.

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